quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Os Elementos do Espetáculo

Vamos ver agora os elementos de um espetáculo teatral sublinhando-lhes características e funções, para que bem compreendido possa ficar o fenômeno teatral, excluído o texto, ou seja, a peça, que veremos futuramente, temos:

O Palco (o espaço cênico)

O mais comum, nos dias atuais, é o palco à italiana, constituído por uma área de representação semelhante a uma caixa isolada da platéia, a qual só revela o seu interior ao público no momento em que o pano abre, removendo a chamada “quarta parede”, a grande maioria dos teatros profissionais possuem palco à italiana, no Brasil e em outros países. Trata-se do palco convencional. Depois dele está sendo bastante usado o palco de arena, local limpo, sem urdidura para manipular materiais de cena mecanicamente, quase sempre com espectadores distribuídos por todos os lados. Mas há mais três espécies de palco: o tréteau, que consiste essencialmente num estrado praticável encostado a uma parede, entrando e saindo atores pelas aberturas da mesma e nela também sendo encostados os cenários quando funciona como tablado ao ar livre; o palco à inglesa que é uma variante do palco à italiana, dele distinguindo-se porque prolonga o proscênio, anulando a ribalta e puxando para além da boca de cena os cenários e maquinismos das coxias; e finalmente o palco rebaixado, que difere dos outros, sobretudo do palco de arena, porque se localiza em nível abaixo de platéia, arrumada nos degraus ascendentes de um anfiteatro circundante.
Cada um desses tipos de palco, como é fácil perceber, presta-se efetivamente a determinadas representações, o que um autor dramático não ignora quando escreve condicionado pela necessidade de destinar sua obra a este ou aquele local, embora ciente de que o espaço cênico pode não só ultrapassar os limites do palco como se deslocar até para o meio da rua.

Direção

A encenação de uma peça depende muito da concepção que a seu respeito a direção do espetáculo formar. Tal direção é confiada sempre, a um teatrólogo, isto é, um especialista em arte cênica que pode ter uma visão do texto dramático completamente diversa da ótica de seu autor.
Não são raros os diretores propensos a aproveitar o texto dramático como mero roteiro para suas próprias criações, plástica ou subjetivas.
Diremos, em resumo, que à direção compete a responsabilidade de montar o espetáculo, emprestando-lhe unidade orgânica. Para isso precisa integrar, harmoniosamente, os diversos recursos artísticos: cenográficos, luminotécnicos, sonoplásticos, interpretativos, decorativos etc. Necessita, ainda, afora descobrir os tempos e movimentos dos atores (marcação), estabelecer o clima da ação e imprimir ao andamento do espetáculo a ritmo ideal, sem o que qualquer texto dramático pode ser um fracasso no palco, não obstante possua qualidades reais.

Interpretação

A interpretação é inquestionavelmente, o elemento mais decisivo do teatro, pois nele, o que conta é a visão dos personagens e da ação que não executam; e comparadas a esse quadro as palavras ditas não passam de um murmúrio de vida que acompanha uma imagem vital.
Tanto é possível a um intérprete mudar o sentido de uma frase pelo gesto quanto pela inflexão de voz, além do que uma pausa intencional, um silêncio estudado, às vezes, fala mais alto que muitas palavras (no folclore da arte cênica conta-se que um comediante do elenco de Stanislavski celebrizou-se por dizer “boa noite” de quarenta maneiras diferentes). Ninguém desconhece a riqueza da linguagem gestual que no palco, aperfeiçoada, parece não ter limites. Somente a mímica pelo semblante, mãos e braços, independentemente da postura do resto do corpo, é suficiente para compor um código capaz de transmitir quase todos os significados de qualquer situação vivencial.

Cenografia

A cenografia no teatro exerce a dupla função de localizar a cena no espaço e no tempo e de facilitar ou reforçar a ação dos personagens, além de predispor o público a se interessar pelo espetáculo.
Os cenários enviesados são dinâmicos, sugerem movimento e adaptam-se especialmente a cenas de ação. Os cenários de frente são estáticos, adequados, adequados a peças dominadas pelo intelecto, inclusive às comédias em que o riso é provocado mais pelas falas do que pela ação.
Na verdade, o teatro moderno, no que tange à arte cenográfica, tem meios para promover a representação de qualquer modelo de peça.

Iluminação

Uma boa iluminação adiciona espaço, profundidade, clima, mistério, paródia, contraste, mudanças de emoção, intimidade e medo.
A iluminação tecnicamente aplicada, sob o ângulo histórico o último elemento a ser introduzido no teatro, hoje é empregada com numerosas utilidades, até mesmo para fazer realçar o estilo de uma peça (luz de abajures em espetáculos realistas, feixes de luz atravessando o escuro para clarear atores ou projetor sombras em certos espetáculos não realistas).
Pela sua textura, pela cor, pela intensidade, a luz pode implantar uma atmosfera especial em cena, pode indicar hora, fornecer idéia do ambiente exterior etc. Uma peça alegre reclama luz cintilante e às vezes em cores quentes; uma peça de enredo pesado, exatamente o oposto; uma peça de ritmo célebre pode exigir sucessivas e abruptas mudanças de luz, uma peça de ritmo lento pode pedir diminuição gradual de luz.
A iluminação, portanto, não existe apenas para proporcionar visibilidade à cena, até porque, em alguns casos, parte da cena deve ser obscurecida sem vazamento, a fim de que a atenção do público se concentre no foco da ação.

Sonoplastia

A sonoplastia existe em função de sons e ruídos previamente estabelecidos que intervêm dentro do espetáculo, com finalidade dramática.
O repertório da sonoplastia é muito amplo: inclui os sons musicais e não musicais; os sons articulados pelo aparelho fonador e a voz inarticulada; os ruídos físicos, as manifestações sonoras da natureza, os fenômenos meteorológicos, atmosféricos; vozes de animais, rumores, estrídulos, rangidos, estalos, zumbidos, disparos, apitos, apitos, campainhas, música apoteótica, marcha nupcial, marcha fúnebre, frevo, ciranda, fado, música de realejo etc.
Estes elementos sonoros podem desempenhar as mais variadas funções no espetáculo, desde a simples função informativa a respeito de algo até o realce, a ampliação e o simbolismo das mensagens. Servem para informar, para expressar melhor, para simbolizar.
Os momentos que mais favorecem a sua entrada são as mutações: mudança de espaço, de assunto, etc. Nas mudanças, os diálogos geralmente cessam, favorecendo a entrada da música como único recurso auditivo. Mas não se deve tomar as mudanças como a possibilidade única de incidência musical. A localização da música pode perfeitamente ocorrer no interior das cenas, dos diálogos, dependendo da função que ela tem a desempenhar: contraste, intensificação, comentário, suspense, clima, etc.

Figurino

A roupa, auxiliada pela maquiagem, penteado e adereços, contribui sensivelmente para embelezar a cena, para acentuar o espírito da peça, para denunciar a temperatura ambiental e, acima de tudo, para identificar os personagens sob o ponto de vista social, econômico, psicológico, histórico e cultural; é por isso que no teatro se costuma dar tanta importância para o figurino.
Se o personagem envelhece durante a peça, se lhe ocorrem mudanças disposicionais para melhor ou para pior, ou se algum acidente ou cadeia de eventos o afeta fortemente, a si ou sua saúde, estas mudanças devem se refletir nas roupas, maquiagem e adereços.

2 comentários:

Unknown disse...

eu gostei muito porque e muito interessante para as pessoas que fazem isso

arianice disse...

eu gostei muito é muito interessante continuem assim!!!!!!!!!!!!!!