segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ILUMINAÇÃO

Tanto o estudo quanto a documentação concernentes à iluminação no teatro brasileiro ainda estão por ser realizados.1 Dispomos de pouquíssimas informações a respeito do assunto e, na volátil circunstância que cerca o fenômeno teatral, ela parece ser sua parcela mais fluida, desaparecendo com o blackout final.
No Brasil, a iluminação cênica conheceu, grosso modo, todos os estágios por ela experimentados em seu desenvolvimento histórico na Europa. Nossas primeiras manifestações teatrais, com a arregimentação de índios Tupi por José de Anchieta, ocorreram nas ensolaradas praias litorâneas, sob a luz natural que havia saudado o nascimento do teatro ocidental na Grécia Clássica, 2 mil anos antes. Nossas “casas de ópera”, os edifícios teatrais da era colonial, empregavam candeeiros e velas, tal como nos teatros metropolitanos, recursos que permitiam bem poucos efeitos ou atmosferas cênico-ficcionais. A partir da segunda metade do século XIX, foi introduzida a iluminação a gás e, já na virada para o século XX, a de lâmpadas incandescentes. Esse último recurso veio a possibilitar, dentro de seus limites, certo manejo estético da iluminação.
As considerações sobre a luz cênica não devem ser dissociadas daquelas relativas ao espaço cênico e à cenografia, não apenas pela contigüidade que manifestam mas, acima de tudo, porque, na maioria das vezes, os responsáveis pela iluminação eram os decoradores e cenógrafos, que a exerciam em modo complementar. Como função autônoma, o iluminador só vai surgir, no plano internacional, na primeira metade do século XX e, no Brasil, salvo raras exceções, a partir dos anos 1970, embora a atividade permaneça ainda hoje, em não poucos casos, como extensão das funções do encenador ou do cenógrafo.
Antes de iniciar um brevíssimo painel sobre os percursos evolutivos da iluminação teatral entre nós, gostaria de destacar algumas de suas particularidades estéticas.
A luz natural, proveniente do Sol e se deslocando segundo seu curso aparente, é percebida em si mesma como dramática, pois cria efeitos de sombras, faz brilhar superfícies, possibilita a gama de cores, cria relevos e alternâncias, infunde calor, propiciando a captação visual dos contornos, o sentido da tridimensionalidade e da perspectiva, além da duração dos instantes.
Independentemente de estilos ou afiliações artísticas dos espetáculos, a composição de um plano de iluminação para um espaço fechado deve equacionar ao menos quatro propriedades da luz, a ser pensadas em função de seus valores dramáticos:
intensidade: da menor claridade até o maior brilho alcançável, a iluminação possibilita o fenômeno da visão. A intensidade trabalha com alguns atributos,

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